Atividades
No dia 18 de Junho foi feita a atividade com a turma 4º Ano no âmbito do projeto Baú de Leitura. "A manta", da autora Isabel Martins, foi a história trabalhada pelos alunos. Depois da história os alunos criaram (pintaram) o seu próprio padrão relacionado com a história.
No início deste mês, foram divulgados os resultados do Concurso da Escrita Criativa, dinamizado pelo projeto Baú de Leitura. O júri a nível regional deliberou e conseguimos um excelente 5.º lugar com o poema da aluna Mafalda Joana Correia Abreu da turma G, do 5.ºano - categoria 2.º ciclo.
Na categoria 3.º ciclo, também obtivemos um excelente 5.º lugar com o poema da aluna Ana Catarina Sousa, da turma D, do 9.ºano.
Todos os alunos participantes estão de parabéns, assim como os seus professores.
Convém referir, que a quantidade e a qualidade dos trabalhos enviados, fizeram com que o júri do concurso tivesse uma tarefa árdua para conseguir apurar os vencedores.
Continuação de bom trabalho!
Escrita Criativa – 2.º ciclo |
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1.º lugar |
Ema Teixeira |
EBS D.ª Lucinda Andrade |
2.º lugar |
Beatriz Costa |
EB23 Dr. Eduardo Brazão de Castro |
3.º lugar |
Guilherme Brás Aveiro Coelho |
Salesianos Funchal - Colégio |
Bem classificado |
Mateus Belo de Jesus |
Salesianos Funchal - Colégio |
Bem classificado |
Mafalda Joana Correia Abreu |
Santo António e Curral das Freiras |
Escrita Criativa – 3.º ciclo |
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1.º lugar |
Ana Isabel Câmara Jesus |
EBS Gonçalves Zarco |
2.º lugar |
Romeu Silva Ferraz |
EB23 Torre |
3.º lugar |
Nélio Afonso Gomes Gonçalves |
Salesianos Funchal - Colégio |
Bem classificado |
Paulo Timóteo Teixeira Neves |
EBS Gonçalves Zarco |
Bem classificado |
Ana Catarina Sousa |
EB23 Santo António e Curral das Freiras |
No ano de 2020
No ano de 2020, tanta coisa aconteceu…
Tudo começou com um brinde, enquanto o céu rebentava com todas as cores possíveis…
Fizeram-se promessas, pediram-se desejos! Acreditou-se que ia ser diferente… seria um ano único para encontrar o amor, para terminar o 3ºciclo, para entrar na faculdade, para arranjar um trabalho melhor. 2020… que escolha tão perfeita de números…
Rapidamente se dissipou o caos. A chegada de uma pandemia destruiu todos os novos sonhos e ambições. Encontramo-nos sozinhos a pensar naquilo que ficou para trás… nas pessoas que se perderam… e o mais curioso é que é necessária uma tragédia para nos começarmos a interessar…
Olhei para este ano, 2020, e, depois de uma certa reflexão, considero-o idêntico a um grande amor quando termina… é arrebatador! Deixa-nos a questionar como é que podemos amar outra pessoa… Não veem as semelhanças? Perdemos as esperanças, porque acabou por nos provocar desespero, ansiedade, tristeza!
Tenho grande ódio a este ano. Faz-me sentir pequena, impotente, porque a única ajuda que posso dar é manter-me em casa, isolar-me. Este ano roubou-me a minha felicidade, a alegria, a oportunidade de ir chatear os meus professores, colegas… No entanto, acredito que, tal como as grandes mágoas e desilusões, vai melhorar.
Estou a escrever este microtexto com uma única coisa em mente. Acredito que a imaginação pode mudar o mundo. É verdade, não podemos sair de casa, não podemos ver lojas, não podemos tomar um longo gole de café, daqueles mesmo demorados… porquê? Porque temos a opressão facial à nossa espera. Ela está lá para nosso bem, mas muita gente não vê isso. Por isso, quero deixar-vos a mensagem: não somos pequenos, somos fortes! Se não podemos sair, esperamos… entretanto, lemos um livro, pintamos um quadro, aprendemos a fazer cupcakes todos bonitinhos…
Assim, para todos os amigos que ainda não conheci, para os esperançosos amantes, para os escritores e atores que perderam a sua voz…Protejam-se! Imaginem as flores que crescem durante o inverno e sigam o exemplo delas, que passam por tantas adversidades e continuam lindas. Não desistam já… encontrem as vossas razões para continuarem a viver, porque, um dia, quando a pandemia acabar, vão poder continuar a escrever sobre coisas belas, vão encontrar o amor e arranjar o tal trabalho que tanto queriam… E eu estarei feliz a caminho do secundário!
Ana Catarina Sousa, 9ºD
No ano de 2020
No ano de 2020
que dizer? Que contar?
Foi um ano difícil
em que tivemos de mudar.
Mudar as nossas rotinas
a nossa forma de pensar,
lutando contra um vírus
que veio nos atrapalhar.
E veio o isolamento,
as escolas tiveram de fechar.
Um ano diferente, é certo
mas que conseguimos ultrapassar.
Muitas vidas se perderam
mudaram-se as prioridades.
Demos mais valor à família
E, agora, resta-nos a esperança
De superarmos as nossas dificuldades.
Mafalda Joana Correia Abreu, 5ºG
Profª Ana Vale
Prof. Rui Duarte
Profª Fernanda Araújo
Prof. Vanda Pereira
Algumas sugestões de Leitura
- Alguns poemas:
(Porque “On ne doit jamais laisser mourir l’enfant qui vit en nous.”
Charles Baudelaire)
Um Poema
Não tenhas medo, ouve:
É um poema.
Um misto de oração e de feitiço…
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar,
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz…
In Diário – volumes XIII a XVI, Miguel Torga, Dom Quixote, 2011
Segredo
Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar…
In Diário VIII, Miguel Torga
Estrelinha
Eu vejo do meu quarto de dormir
uma estrelinha
miudinha
a sorrir…
Mas se o sol é tão grande
e tanto brilha,
a estrelinha
miudinha
é certamente sua filha.
Enquanto o Pai-Sol,
enorme,
dorme,
ela vai passear
todas as noites…
Quando o Pai-Sol acordar,
a estrelinha
miudinha
leva açoites
e vai-se logo deitar.
Sidónio Muralha
A Menina Feia
A menina feia
tem dentes de rato
e pelos nas pernas
à moda de um cato.
A menina feia
tem olhos em bico
e o seu nariz
pica como um pico
A menina feia,
sardenta, gorducha
não parece gente,
só lembra uma bruxa.
Se fechares teus olhos,
a ouvires cantar,
é uma sereia,
princesa do mar.
Se fechares teus olhos
e chegares pertinho,
ela cheira a rosas
e a rosmaninho.
Se lhe deres a mão,
vês que é de veludo
e tens uma amiga
pronta para tudo.
Luísa Ducla Soares
E tudo era possível
Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o poder de uma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer.
Ruy Belo
A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah! Como hei de encontrá-lo? Quem errou…
A vinda tem a regressão errada
Já não sei donde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.
Fernando Pessoa
Este ano letivo decorreu, uma vez mais, o concurso de Escrita Criativa para alunos dos 2º e 3º ciclos da RAM, dinamizado pelo projeto Baú de Leitura.
Na Escola Básica com P/E de Santo António e Curral das Freiras participaram muitos alunos, sobretudo, do 2.º ciclo. As dinamizadoras deste projeto na nossa escola agradecem o interesse e participação demonstrados pelos professores e alunos envolvidos nesta atividade.
Muitos foram os poemas e textos em prosa a concurso, mas foram selecionados os trinta melhores que podem ser lidos por toda a comunidade escolar, visto que já se encontram em exposição na nossa escola.
Parabéns a todos os alunos que participaram elaborando os seus textos, e desejamos boa sorte àqueles cujos trabalhos serão avaliados pelo júri do concurso a nível regional. Bem hajam todos!
As professoras responsáveis pelo Baú de Leitura,
Emília Jordão e Fernanda Araújo